domingo, 20 de maio de 2012

MÁSCARAS E MASCARADOS VII - SAÚDE SOCIAL

POR MÁRIO INGLESI

Última parte de:


Em sentido diametralmente oposto ao criacionismo e suas máscaras, apresenta-se com seus tentáculos devastadores e abrangentes, as máscaras do mal, da destruição, da morte, feitas sob medida para garantir a cobiça, os interesses ou salvaguarda da hegemonia política sobre outros povos, terras e jazidas petrolíferas.
Tais máscaras trazem em sua tessitura a indústria bélica, cuja proliferação é cada vez maior, em sua rede infinita de armas mortíferas, das mais variadas e sofisticadas espécies e, de um raio de abrangência muito grande, de efeitos incomensuráveis, com um poderio de morte avassalador e de destruição exacerbada de tudo, e de mutilação de não poucos.
Essa indústria beligerante traz em seu bojo também outras duas máscaras: a do lucro incomensurável e a do poderio de conquista a demonstrar.
Seus anseios são “a guerra” e o “terrorismo”, duas das máscaras temíveis que engendram a satisfação dos ideais que preconizam assustadoramente.
A primeira, “a guerra” leva milhares de jovens à militância beligerante, forjada e autoritária, através do alistamento militar obrigatório, deixando para trás os seus entes queridos. Isto, porém, evoluiu com a invenção dos “mísseis de longo alcance”, as bombas “H”, as bombas incendiárias, as bombas de Napalm, muitas destas, plenamente configuradas no filme “Apocalipse Now, sobre a guerra do Vietnã, do cineasta Francis Ford Copolla. A segunda, “o terrorismo” é de prática inidentificável. Os homens-bombas causam terror justamente por não serem identificados. Suas máscaras são de pessoas comuns, como as de homens, mulheres e até jovens adolescentes (meninos). Muitas vezes, se travestem ou investem sob a máscara de dirigentes de carros bombas. Uns e outros devastadores e temíveis em suas ações mortíferas e de destruição.
Sob essas máscaras aterradoras e aterrorizantes, o criacionismo, e a criatividade, que profetizam uma humanidade sempre melhor e mais proficiente em sua existência sobre o Planeta Terra, não se fizeram e não se fazem submergir, pelos sentimentos de medo, angústia, tensão, desalento, incerteza, e, mais que tudo, por ceticismo que abarca gerações.
As palavras de ordem, tornadas slogans em 1968, de Paz e Amor, hoje, verdadeiros eufemismos, tornaram-se vazias, sem sentido diante de tanta mortandade, destruição, pobreza e miséria, que ainda hoje campeiam em vastos territórios deste nosso Universo, formando máscaras inomináveis de desumanidade.
Ao nos debruçarmos sobre algumas das máscaras humanas e suas conexões existenciais, nos permitimos conhecer melhor o homem


em seu universo, pois ficamos conhecendo, em parte, suas alegrias, dores, amores, sofrimentos, violências e, principalmente, seu rosto, em suas relações com o mundo, consigo mesmo e com o outrem, como celebra a cantiga:

“Senhora dona Sancha
Vestida de ouro e prata
Levante este véu
Queremos ver seu rosto
(Cancioneiro popular) 

Feliz, o homem – ah, o homem, esse também Criador - sob o peso de todas as incontáveis máscaras de seu rito de passagem pela Terra, ainda que marcadas, muitas vezes, por males terrificantes que o cercam, ainda hoje, com todas as crises que o sufocam no seu dia a dia, continua, sem resignação, virando sempre nova página, o seu caminhar firme, compartilhado com o congraçamento da arte, da ciência e da religião em direção ao seu destino glorioso de liberdade, ousadia, e criação vanguardeira e democrática, numa espiral sempre crescente de bem-vindo, de renascimento, como no poema de Oswald de Andrade:

Relógio
As coisas são
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vem
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão. 
(Poesias Reunidas, Ed, Círculo do Livro, 1976.)

 Eis, aí, dr. Ricardo, algumas reflexões ou elucubrações advindas da leitura do texto “O Louco” do pensador Khalil Gibran, cujo texto está muito aquém de tudo isso. Mas, o que fazer, ler é viajar sempre e cada vez mais por mares e territórios inimagináveis da vida humana. Se há extrapolações em divagações talvez exageradas e em números crescentes, há, no caso, também, o propósito preliminar de promover a conscientização do ser humano, em seus vários elementos e graduações em benefício do seu bem viver saudável, marca sempre assaz bem-vinda no seu Blog.
Com o abraço sempre efusivo de fraternidade, os agradecimentos de praxe, mas sempre merecidos, por todas as oportunidades oferecidas de reflexão.

Mário Inglesi

4 comentários:

  1. Depois de ler todos os textos do sr. Mário sobre as máscaras, cheguei à conclusão que não é preciso ser poeta para ser fingidor, como disse Fernando Pessoa. Desde o nascimento já se começa a receber as máscaras, quando os pais colocam em seus filhos os nomes que vão acompanhá-los por toda a vida.
    Eu acho que dentro do nosso cérebro, deve existir um bauzinho para guardar tantas e tantas mascarinhas, para serem ascessadas nos mais variados momentos da vida.
    Cheguei à conclusão que é impossível viver sem elas, mesmos que nos seja difícil admitir.
    Profunda análise de um assunto, aparentemente, tão corriqueiro.
    Obrigado ao sr. Mário e a você dr. Ricardo por nos alertar para mais esta reflexão.
    Abraço

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  2. Vamps nos engajar às máscaras do Bem, repudiando sempre àquelas do mal.Deus nos conceda inteligéncia para diferenciar umas das outras.Famos procurar o tesouro que é O BEM VIVER SAUDÁVEL.Parabéns ao sr.Mario e ao Dr. Ricardo por Mais está reflexāo.

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  3. Obrigada, MÁRIO INGLESI e Dr. Ricardo
    Realmente, as máscaras estão sempre presente na vida humana. As vezes , consciente ,"necessárias", sempre querendo se adequar, agradar, acreditar numa realidade construída, onde poucos colocam seu querer, no querer de muitos,manipulando e desejando que aquela realidade doentia se cumpra.
    Na maioria das vezes, as pessoas não "sabem"ser natural, e naturalizam o que não é natural. Sendo que nascemos natural, espontâneo. Mas pessoas assim, as vezes assustam. A evolução é individual, necessária. E as mascaras apenas acessórios.
    Por outro lado, observamos a natureza, os animais. Precisam de máscaras?
    E o homem; tão senhor de si. O que quer? O que busca?

    Abraços

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  4. È incrível parabéns pela reflexão que vem nos brindar com essa pérola.
    meu anjo maravilhoso.
    Beijos!

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