sábado, 19 de abril de 2014

PÁSCOA - UM POUCO MAIS

TEXTO ESCRITO POR: MÁRIO INGLESI

VÍDEO YOUTUBE SUGERIDO POR: RICARDO LEME



A história da páscoa encenada por crianças
Dr. Ricardo

Eis que chega neste ano, a festividade da Páscoa, cujo teor cinge-se à comemoração da ressurreição de Cristo.

Isto, talvez no plano eminentemente subjetivo, dado que, na nossa pretensa modernidade, a comemoração mítica religiosa foi, como num passe de mágica, substituída pela azáfama da posse de chocolate, em forma, preponderantemente, de ovos, de tamanhos que vão dos maiores e, preferencialmente, recheados com mais chocolates com sabores e tamanhos diversos, quando não acompanhados do seu autor, também achocolatado, o então, sempre acolhedor, coelho da Páscoa, símbolo mítico da fertilidade de vida nova trazido pelos imigrantes alemães à América, - segundo consta, entre os séculos XVII e XVIII.

Esse chocolate ganhou foro de verdadeiro anfitrião: dono da festa, e, como tal, guloseima preferida pelas moçoilas de então já que os homens, à época, machistas que se mostravam, esgueiravam-se até de experimentá-los, preferindo dá-los às suas amadas, como prova de benquerença.

Para elas, o empanturrar-se de chocolate era uma dádiva, mas também uma gula, e como tal, pecado capital.

Para livrar-se disso, e poder comê-lo sem culpa, corriam ao confessionário da igreja mais próxima, para purgar o pecado em preces demandadas pelos prelados.

Entretanto, com isso não garantiam sua cintura fina, cintura de pilão. Mas o que fazer? É Pascoa!

Hoje, agradecem elas, felizmente, esse tempo passou. O pecado foi pra cucuía, totalmente ignorado nos dias que correm. A silhueta, por sua vez é mantida nas “Academias” de ginásticas, com o uso por algumas horas, diárias ou não, dos seus aparelhos miraculosos, como esteiras, bicicletas ergométricas, levantamento de pesos, ou então, no andar quilométrico pelo calçadão, com a perda das gordurinhas e, obviamente, com a feliz manutenção, da barriguinha tanquinho, tão cuidadosamente mantida.

Os namorados, agora, compartilham com elas e seus irmãos mais novos ou ainda crianças, o doce sabor de muitos e muitos ovos, de chocolate, já em pedaços, de tamanhos díspares e de acordo com o tamanho dos olhos, sempre maiores que a boca.

Com tudo isso, o que ficou garantido mesmo foi a fertilidade do coelho, que se estendeu aos bolsos, cada vez mais cheios, dos fabricantes, sejam eles pessoas jurídicas ou físicas, e também aos vendedores e revendedores, que com a ajuda do merchandising dão status ao produto e promovem-lhe a venda em quantidades nunca dantes imaginadas, cobrindo áreas enormes de mercados ou supermercados.

Mas o que fazer? Será melhor comer, comer, comer, e talvez em horas aflitivas, depois, logicamente, quando empanturrados de chocolate e tudo o mais de comes e bebes em comemoração à data, pedir em alto e bom som: Senhor! Tende Piedade de Nós!

Pode ajudar dar alento a tanta gula, que se reitera dia a dia, mas o problema maior não se atém a isso. Está em jogo a saúde, o bem estar, de crianças, jovens e adultos, as complicações futuras, traduzidas em colesterol alto, diabetes, e outras tantas doenças ou anormalidades físicas provindas do excesso de açúcar, cacau de baixo teor, aditivos e outros ingredientes que normalmente se configuram num “ovo” de Páscoa, numa caixa de bombons, ou em tabletes de chocolates oferecidos a granel, por ocasião de mais essa festividade.

Certo: É festa! É Comemoração!  E, mais festas mais comemorações! , e por aí “La Nave Va”, mas, em se tratando de nós, é preciso lembrar de “Sinais do Mar” de Ana Maria Machado:


“Velas sem vento

almas sem calma

encalham em sargaços

nas águas salgadas.



Algumas naufragam

soçobram em escolhos

só sobram

sem escolhas

sem escolta, poucas naus

- e nós”



E reafirmarmos para nós mesmos, inclusive em situações festivas como agora a da Páscoa: “saúde é prioridade!!!” para um contínuo navegar e palmilhar esse nosso microcosmo planeta Terra.



Mário Inglesi


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