terça-feira, 3 de novembro de 2015

O SEGREDO DA LONGEVIDADE - PARTE II

Por: Koshiro Nishikuni – Médico da Saúde e yoboku da Igreja Tenryu

 

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     Vocês lembram quando tiveram um pensamento feliz? Como sentiu o seu corpo? Quando nasce um nenê, a mãe, com o sentimento de amor incondicional, sente alegria e gratidão, o que faz transbordar leite do seu seio. Ao contrário, se discutir com alguém, ficar tensa, com raiva ou triste, as glândulas mamárias se contraem, bloqueando a saída de leite; e, acontecendo repetidamente, a mama endurece progressivamente e fica com a doença chamada de mastite. Contudo, é mais fácil tomar um medicamento para aliviar a dor, do que compreender a mensagem que o organismo está sinalizando. Somos imediatistas e tratamos apenas as consequências, deixando de buscar a verdadeira origem da doença. No hino X dos Hinos Sagrados, temos: “O sofrimento vem do seu próprio espírito, devem ter rancor de si mesmos. Embora seja a doença um fato penoso, não há quem tenha conhecido a sua origem. Até o presente momento, todos igualmente, não conheciam a origem das doenças. Desta vez, foi revelada, a origem das doenças está no espírito.”
       Do ponto de vista médico, o corpo humano possui a função básica de manter o equilíbrio do organismo diante de todos os estímulos, exterior e interior. Isto é, acontece através da livre circulação de energia no organismo, assim como através das trocas contínuas entre o corpo e o meio ambiente. Esse fluxo contínuo de energia é que nos mantêm vivos. Quando a circulação de energia ocorre de maneira inadequada, surgem as doenças. O corpo sinaliza, com antecedência, o desequilíbrio através de pequenas alterações funcionais sem substrato físico. A não valorização desses sinais e a manutenção do padrão de vida, faz as alterações físico-químicas se cronificarem e se solidificarem até atingirem o corpo físico. A doença passa a se expressar em algum órgão ou víscera, acompanhada de padrões mentais e emocionais bem determinados.
      Saúde e doença são aspectos de um mesmo movimento. Através do desequilíbrio atingimos um novo equilíbrio, uma nova frequência e um novo patamar energético. No período de transição para esse novo padrão, vivencia-se a doença. Ela não é considerada como algo estranho, muitas vezes, através da doença é que alcançamos a saúde. Verifica-se, com certa frequência, em pacientes com doenças graves ou terminais, relatos de estarem vivendo melhor, de forma mais saudável, a partir do momento que se conscientizaram de seu comportamento doente.
Para vivermos em harmonia, precisamos ter flexibilidade e disposição para um grande número de opções de interação com o meio ambiente. Sem flexibilidade não há equilíbrio. Períodos de saúde precária são estágios naturais na interação contínua entre o indivíduo e o meio onde ele está inserido. Estar em desequilíbrio significa passar por fases temporárias de doença, nas quais se pode aprender a crescer.
A doença é uma oportunidade para a introspecção. A função básica do terapeuta está em espelhar a verdade para o paciente, ajudá-lo a desenvolver uma consciência do processo de vida e dos mecanismos (obstáculos e ilusões) que se criam para gerar a doença. Também, ajudá-lo a entrar em sintonia com seus próprios recursos de cura, possibilitando o resgate da autoestima, da aceitação, do perdão e da gratidão. O organismo doente está envolvido no aparecimento, no desenvolvimento e na cura de sua doença. O ser humano pode se fixar na doença e mesmo obter com ela benefícios, mas pode principalmente, pela doença, exprimir tendências profundas. O corpo relata, fala, descarrega e protesta através do seu próprio adoecimento. É sempre, uma forma de o organismo expressar conflitos profundos. Os distúrbios digestivos, por exemplo, são, muitas vezes, expressões de conflitos entre o reter e o expelir, entre o desejo e a necessidade.
Poderíamos, entre outras coisas, dizer que a doença é passagem e transformação, e, acima de tudo, tem um sentido muito pessoal, a cada momento. É uma entrada para uma outra realidade, como um sonho, ela pode ter inúmeras leituras para cada um. A oração e a meditação são práticas que podem ajudar nesse processo. Porém, nem sempre é possível explicar tudo. Há muitas coisas misteriosas na vida e decifrá-las está além do nosso alcance a despeito de qualquer esforço. Entretanto, se formos humildes e confiantes, precisamos acreditar que em tudo existe o amor divino. Ou seja, as doenças são manifestações do amor divino para incentivar a reforma e acelerar a evolução espiritual ou interior. A nossa essência sempre nos mostrará o que é possível; e quanto ao que permanecer, nos guiará e ajudará a acolher e reverenciar o desígnio divino: Ser Feliz, a sublime missão!
Não podemos fugir ou pensar que a causa está em outras pessoas ou nos fatos. Devemos trabalhar o sentimento para mudarmos a maneira de refletir e buscar o verdadeiro significado da vida, e, assim, aproximar-nos um pouco mais da intenção de Deus. Porém, sabemos perfeitamente que a realidade não é tão simples assim, que existe uma grande dificuldade para aceitarmos tudo com alegria e sinceridade, principalmente nos fatos que consideramos “negativos”. “Seja no que for não existem dores nem doenças em absoluto. São a instância e orientação de Deus”.
Segundo a doutrina de Tenrikyo, este mundo era um mar de lama e Deus-Parens criou os seres humanos por desejar ver o viver alegre e feliz. Renascendo oito mil e oito vezes, passamos por todos os graus de existência. Aprendi, no curso de Formação Espiritual, que a evolução da macaca para o homem, que é uma diferença sutil, foi o último grande retoque de Deus-Parens. Uma benção!
Em um vídeo de experiência feito com chimpanzés, na Universidade de Kyoto, os cientistas concluíram que só o homem consegue rir e viver ajudando-se mutuamente, coisa que os chimpanzés são incapazes. “A causa da doença está no sentimento”. Essa frase ficou popular na década de 70, com a impressionante pesquisa sobre a influência da mente na evolução do câncer, feito pelo psiquiatra David Spiegel, professor da Universidade de Stanford. As pacientes que se reuniam com os grupos de apoio sociais se mostraram mais alegres, otimistas e menos ansiosos/deprimidos e com menor uso de remédios para combater a dor. E esses pacientes viveram o dobro dos que somente receberam o tratamento convencional. Nas reuniões de 90 minutos semanais, 50 sessões por ano, cada paciente pode expressar os seus sentimentos e tinham com quem compartilhar as dores, ouvindo-as com coração.
A ministração do Sazuke, a oração, a orientação e a palavra amiga fazem grande diferença para aliviarem o sofrimento das pessoas. O neurocientista Grafman analisou o cérebro de 40 pessoas, religiosas e não religiosas, enquanto liam frases que confirmavam ou confrontavam a crença em Deus. Usando imagens do cérebro, mostraram que, em longo prazo, há alterações no lobo frontal e no sistema límbico (áreas ligadas às emoções). Descobriu que as partes ativadas durante a leitura de frases relacionadas à fé eram quase as mesmas usadas para entender as emoções e as intenções de outras pessoas.
O Centro para Estudos da Religião, Espiritualidade e Saúde da Universidade de Duke (EUA), analisou o efeito da oração em 4.000 pessoas com mais de 65 anos e concluiu que os fiéis apresentam sistema imunológico melhor, e consequentemente com o índice de mortalidade 46% menor do que o grupo que não reza.
“A ciência sem religião é claudicante, e a religião sem ciência é cega” (Albert Einstein). As revelações do Einstein podem ter sido o passo inicial facilitador da aproximação do mundo científico com a religião. Vários pesquisadores têm tentado mensurar e provar o efeito da fé e oração, alguns chamam de “misteriosos” estes resultados. “Um pouco de Ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima” (Louis Pasteur). Acredito que são bem aceitos para quem tem o espírito de devoção sincera a Deus Parens.

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