quarta-feira, 18 de maio de 2016

TEMPO E MOVIMENTO DOS ASTROS CELESTES

Por: Deyvid José - Graduando em Física - USP



Atualmente, muitas sociedades humanas vivem e se organizam em torno de um calendário que é constituído por dias, semanas, meses e anos. Diversas pessoas, desde a tenra infância, aprendem que o tempo está passando e que “há horário pra tudo”: comer, dormir, brincar, trabalhar, ir para a escola… enfim, é como se a vida na sociedade contemporânea exigisse um pensar constante sobre o tempo e a necessidade de utilizar um calendário.

     Poderíamos nos perguntar: “Como tudo isso começou?”, “Por que a semana tem sete dias?”, “Por que as escolas devem cumprir no mínimo 200 dias letivos de aula?”, “Por que tantas pessoas trabalham 40 horas (ou mais) por semana?”, “O que é tempo?” ou pior: “O que tudo isso tem a ver comigo?” rsrsrs.


Como pode ter ficado claro, pensar sobre tempo e calendário nos permite questionar várias coisas, porém muitas respostas podem parecer incompletas ou difíceis de achar num primeiro momento. No contexto da “astronomia moderna” (ocidental), a primeira reflexão sobre o tempo que poderíamos fazer seria relacioná-lo com o movimento aparente dos astros celestes.
     O dia e a noite estão relacionados com o movimento aparente do Sol, as chamadas fases da Lua se relacionam com as ideias de semana e mês e o movimento de translação da Terra, assim como as 4 estações, estão relacionados com o passar de um ano.
         No livro Fundamentos de Astronomia, o autor Romildo Póvoa Faria atribui aos mesopotâmios a criação do conceito de semana em meados do 3° milênio a.C.. Segundo ele, os planetas eram entendidos como verdadeiros deuses que exerciam influência direta nos seres humanos e nos acontecimentos da Terra.
      Nesse sentido, dedicaram um dia à adoração de cada deus que conheciam, começando pelo Sol (domingo), que era o “mais importante”. Os outros dias foram dedicados, respectivamente, à Lua (segunda-feira), Marte (terça-feira), Mercúrio (quarta-feira), Júpiter (quinta-feira), Vênus (sexta-feira) e Saturno (sábado).

 

Outro ponto curioso a esse respeito é o fato de muitas culturas terem preservado essa concepção por meio da linguagem, como podemos observar no inglês e espanhol, conforme indicado na tabela abaixo. 

Tabela 1 - Influência da cultura mesopotâmica nas línguas inglesa e espanhola
Dia da Semana
Inglês
Espanhol
Significado
Domingo
Sunday

Dia do Sol
Segunda-feira
Monday

Dia da Lua
Terça-feira

Martes
Dia de Marte
Quarta-feira

Miercoles
Dia de Mercúrio
Quinta-feira

Jueves
Dia de Júpiter
Sexta-feira

Viernes
Dia de Vênus
Sábado
Saturday

Dia de Saturno

Tão interessante quanto isso, talvez seja o fato de não precisarmos necessariamente consultar um relógio e calendário para saber a época/estação do ano e a hora do dia ou da noite. Observando, por exemplo, o céu de São Paulo por algumas horas numa noite limpa (sem nuvens) podemos perceber que há uma tendência dos astros visíveis (estrelas, planetas e Lua) se movimentarem de leste para oeste, assim como o Sol faz durante o dia; o que nos permite associar esse movimento aparente com o passar das horas.
Nessa perspectiva, durante o dia é possível saber a hora e época do ano observando simplesmente a sombra de um gnômon, conforme ilustrado nas imagens a seguir, que mostram o Relógio Solar da USP, localizado na Praça do Relógio - Cidade Universitária/SP.


Esse relógio em especial também é interessante pelo fato de mostrar as Constelações que são visíveis no céu noturno durante as épocas do ano. Vale a pena conhecê-lo e, principalmente, tentar torná-lo conhecido e compreendido por todos estudantes que se interessam em conceitos de astronomia e principalmente pela vida e seus movimentos.



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