quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

EDUARDO GALEANO


POR MÁRIO INGLESI
Sobre o texto "El Derecho al Delirio": http://saudeconsciencia.blogspot.com/2011/09/vaidade.html
O belo texto do ilustre escritor Eduardo Galeano reporta-se essencialmente a uma sociedade ideal, onde vigora, como primazia, o bem-estar social da humanidade. Com isso, ele não apenas sonhou como idealizou um outro mundo, menos complexo e mais habitável que o nosso.
Tal idealização, embora designada utopia, é bastante real e por demais interessante, uma vez que aponta caminhos e põe o dedo em algumas feridas, cuja existência não nos dignificam.
Esse direito de sonhar do autor já se manifestou em tempos não muito distantes, deveras comum e muito inspirador. Se acabou ou se restringiu, não faz mal, pois sua capacidade de recriação, sempre bem-vinda, é surpreendente.
Em se tratando do escritor Eduardo Galeano, a configuração da utopia lado a lado com a vaidade não é de modo a apresentar-se correta, principalmente atendendo a atuação do autor e seus escritos durante mais de meio século, sem qualquer vislumbre de vaidade intrínseca.
Afora, isso é preciso convir que sonhar não se restringe a um direito, - talvez por isso não se inclua entre os Direitos Humanos - ele é inerente ao ser humano. Assim, não é preciso dormir para sonhar. Melhor aliás, é estar bem acordado e sonhar: ir a instâncias, lugares e alturas inimagináveis, sem escadas, sem aviões, sem foguetes ou quaisquer outras parafernálias que existem ou existirão. A vida é sonho. É imaginação.   Enfim, Sonhar é Viver. Não há como fugir disso. Triste e enfadonha seria a vida sem sonho, sem vislumbres, atuais ou futuros, sem os acordes sonoros musicais que embalam sonhos dourados, com cadências e ritmos os mais diversas. Nossos sonhos são, em última instância nossos amores. Não esqueçamos que a realidade é pobre, é limitada, é medíocre. O ser humano criou, e ainda cria em ascendência contínua “Arte”, como maneira infinita de ver, de idealizar, de propagar, de comunicar e, mais que tudo, de expor sonhos em sua inteireza de formas, conteúdos, de beleza, de sentimentos, de evocação, de reflexão e, mais ainda, de diversificação.
Sonhar não tem parâmetros – que o diga Lewis Carrol, James Joyce, Machado de Assis, Borges (escritores) ou Akira Kurosawa, Glauber Rocha, Wim Wenders, Fellini (cineastas) e muitos, muitos outros, em atividades as mais diversas, da arte – não exige lugar determinado, nem hora aprazada, não requer regras, nem projetos. Por vezes, até, requer apenas um livro aberto, uma “tela grande”, uma nota musical, uma mente aberta, um poetar silencioso, um estar só ou acompanhado. E, na maioria das vezes, é preciso somente o acionar da imaginação para o lúdico, o agradável, o prazeroso. – tal como as crianças em seus jogos infantis.
E tem mais, sonhar é nutrir a ciência a novos parâmetros de descobertas e conquistas, é alçar o universo a novos patamares de desenvolvimento e riqueza, é romper barreiras, é prezar a “loucura” para transpor obstáculos e enfrentar os riscos que se deparam em nosso caminhar diuturno e constante pela vida afora.
E finalmente, não se deve esquecer a primazia de que sonhar se apresenta também como arcabouço em favor da saúde, em toda a sua plenitude.
Portanto sonhar não precisa de muito, basta apenas pouca coisa, como se refere o poema abaixo, quiçá, tão somente estar aberto ao mundo ou mesmo fechar os olhos, ou talvez nem isso.

* Conheço muitos que por aí correm
com uma lista do que necessitam.
Quem chega a ver a lista diz: - É Muita coisa.
Quem escreveu, porém diz: - Isto é o mínimo!

Já muitos mostram com orgulho a lista deles
Com muito pouca coisa.

* Poema "Lista das Necessidades", de Bertolt Brecht, do livro Poemas e Canções, tradução de Geir Campos, ed. Civilização Brasileira, 1966.

É isso aí, sonhar, em qualquer instância, é viajar como num tapete mágico.  É conhecer a magia da vida, com uma liberdade e amor infinitos.
Abraços fraternais, acompanhados de muitos sonhos sempre bem-vindos.
Mário Inglesi 17/10/2011

5 comentários:

  1. Que beleza essa capacidade de alimentar o sonho e dar margem à magia do viver!...
    Abraço

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  2. Boa dupla com Galeano, Mário. Ótimo resultado !
    Abraços

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  3. Nas palavras da fada madrinha: Encha portanto de sonhos menina o seu coração... pois td resolverá minha varinha de condão.
    May.

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  4. Apreendi com voces a melhor sonhar.Sonhar é preciso, mas também amar e esperar!Vamos aproveitar o espírito Natalino e sonhar com mais fervor?Feliz Natal a todos.

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  5. me lembrou o samba enredo da Mocidade: Sonhar não custa nada... não se paga pra sonhar... eu vi a lua no céu...
    Vamos sonhar mais em 2012!

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